quinta-feira, 21 de maio de 2009

Da minha paixão por Vinicius

Eu tenho uma paixão declarada e palpitante por Vinicius de Moraes. Não só por ele, pela bossa nova em geral, Chico, Tom, Toquinho, Baden. Mas principalmente por Vinicius. É uma coisa louca que mexe com a parte mais profunda de mim, me emociona, me dá vontade de rasgar meu peito e viver só de amor.
Há alguns anos, quando lançou no cinema, fui assistir o filme "Vinicius", de Miguel Faria Jr., e passei o tempo todo com os olhos marejados. Detalhe: como ninguém achou um programa muito animado (afinal, o amor é brega...), acabei indo no cinema sozinha e sentei ao lado do David Coimbra (da Zero Hora), que escreve muito bem e é boêmio declarado... passei todo o tempo com uma vontade de cutucá-lo e dizer: "tu tá vendo isso David, que coisa linda!"... só não fiz porque ele tava com a mulher do lado e fiquei com medo de levar uma justa bofetada.
Enfim, lembrei disso porque ontem de noite assisti pela milésima vez o filme, desde que ganhei o dvd (presente da minha irmã querida, Elisa)... e, mais uma vez, me apaixonei por Vinicius, pela música e pela poesia.
Rubem Braga conta no filme que Vinicius começa fazendo poesia inspirado no catolicismo francês, "mas aquilo não é ele... então pouco a pouco ele vai se convertendo em Vinicius de Moraes e vai virando brasileiro, e aí vai além dos outros.... vários se voltaram para a cultura popular, mas ele cai no esculacho e vai além, esse é Vinicius".
Vinicius foi um bom poeta e foi um poeta popular, dos poetas brasileiros foi um dos mais traduzidos, era apegado à métrica, à rima, é o poeta que está inserido na tradição. "Mas exatamente por causa dos recursos formais e técnicos que tinha, se aproximou como nenhum outro do que os modernistas queriam, da vida cotidiana, da frase coloquial, do prosaico" (Antonio Candido).
Era um camarada que viveu de paixões... se alimentava e alimentava a poesia das paixões... queria sempre se apaixonar loucamente... quando uma mulher não dava mais paixão pra Vinicius, ele trocava, trocava por outra que despertasse nele uma paixão com fundamento... ele precisava do precipício da paixão. Casou-se nove vezes, sempre em busca da paixão. Sabia que o amor eterno era inalcançável, tanto que escreveu o que hoje é um lugar comum na cultura brasileira: "...que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure".
Vinicius ia em frente, mas apesar disso não saía de um casamento facilmente... sofria, ia ficando ausente. Dizem que Vinicius era capaz de tudo, de qualquer baixeza pra conquistar uma mulher, dado importantíssimo da personalidade dele... porque não era pra conquistar por conquistar, mas pra ter de novo a chama que alimentava a sua poesia. Era debochado, insolente, desapegado das coisas materiais, tinha amor pelos amigos, gostava de casa cheia, de gente, de boa música. Desfez sua carreira no Itamaraty pra viver de sua poesia.
Cada vez que eu revejo o filme ou releio alguma poesia ou citação do Vinicius, meu peito aperta e me dá uma vontade de viajar no tempo, de viver toda aquela musicalidade, de me alimentar de amor, de ser inconsequente, me perder de paixão, morrer de ciúmes e me entregar de corpo e alma, viver um amor embalado à bossa nova e grandes precipícios.
Cafona? Pode até ser. Mas que dá vontade, dá.

"De manhã escureço, de dia tardo, de tarde anoiteço, de noite ardo". Vinicius de Moraes.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Casal homossexual tenta registrar gêmeos com duas mães

Casal homossexual tenta registrar gêmeos com duas mães (05.05.09)
Fonte: Espaço Vital (www.espacovital.com.br)

A mãe homossexual que deu à luz um casal de gêmeos na quarta-feira (29) no Hospital Santa Joana, em São Paulo, pediu à Justiça paulista, ontem (4), o direito de registrar seus filhos com duas mães: ela mesma e sua companheira, que doou óvulos para fertilização in vitro. Os bebês são uma menina de 2,750 kg e um garoto de 2,415 kg filhos de Adriana Tito Maciel. A mãe, homossexual, recebeu os óvulos de sua companheira, Munira Kalil El Ourra, que se submeteu a uma inseminação artificial. O nome do pai que doou o sêmen para fecundação não pode ser conhecido.
Adriana teve alta no sábado (2). Ela passou o domingo (3) em sua casa, em Carapicuíba, na Grande São Paulo, com as crianças. Munira - a mãe que doou os óvulos - acompanha tudo de perto. "O trabalho é grande, temos de nos revezar para cuidar das crianças à noite, mas é um momento de realização para o qual nos preparamos. É um sonho antigo de nós duas. É indescritível a sensação de ser mãe. É ótimo pegar filho no colo. É um cansaço gostoso", afirmou Munira ao saite G-1.
Há cerca de um mês as duas mulheres deram início a uma ação declaratória de filiação no Foro de Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo. A decisão judicial não chegou antes do parto. Agora, sob a pressão de registrar as crianças o mais rápido possível, foi apresentado ontem um pedido de tutela antecipada, para apressar a autorização.
A advogada porto-alegrense Maria Berenice Dias - que atua em nome das duas homossexuais - escreveu um artigo intitulado Milagre da ciência, que está sendo publicado nesta edição do Espaço Vital.